20 de julho, Dia da Amizade! Bonito isso, não é? É sempre bom saber que temos alguém do nosso lado sempre pronto a nos ajudar, a nos proteger e a nos fazer sentir as melhores pessoas do mundo. Um salve a todos os amigos e, principalmente àqueles que são os responsáveis pela nossa boa saúde.
E por falar em saúde, se quisermos estar com ela em dia, é fundamental que passemos a entender a necessidade de cuidarmos da nossa ecologia intestinal, dando todo o suporte que ela precisa. Você pode não acreditar, mas isso também é sinal de amizade.
Ao fazermos isso temos um exemplo perfeito de simbiose. Na verdade, estamos compartilhando as nossas refeições com as bactérias boas que habitam o nosso intestino, bactérias essas também chamadas de comensais.
Chamamos essas bactérias de comensais, pois elas dividem a mesa conosco, portanto, o que comemos é o que elas vão comer e nossa escolha afeta diretamente o nossa saúde. Portanto, a boa relação entre a nossa saúde e essas bactérias depende das nossas escolhas alimentares.
Nós temos em nosso intestino cerca de 100 trilhões de bactérias e elas estão envolvidas na produção de vitaminas importantes para a nossa saúde e, inclusive, na produção de neurotransmissores como a dopamina e a serotonina, além de manterem a integridade do nosso trato digestivo.
Aproximadamente 80% dos nossos receptores imunológicos estão no intestino e se não tivermos uma boa ecologia intestinal com as bactérias boas preservadas estaremos em constante agressão imunológica, comprometendo toda a nossa saúde. O que significa que para termos saúde, precisamos ter o intestino saudável!
Sendo assim, para tratá-las corretamente, devemos comer alimentos fermentados que são ricos em bactérias boas (probióticas) e alimentos ricos em fibras (prebióticos) do tipo inulina e fructooligosacarídeos. Eles irão promover o aumento de bactérias boas que, segundo os estudos, estão relacionadas com a perda peso, controle da glicemia, redução de alergias e até mesmo reversão de certas doenças como diabetes tipo 2.
Como reduzem inflamação que é um fator básico em toda as doenças cerebrais desde o Alzheimer e o autismo, chegando até a esclerose múltipla e o Parkinson, as bactérias boas têm ação importantíssima nestas patologias, assim como em outras doenças autoimunes, tais como a Doença de Chron e outras inflamações do cólon.
A ideia que se tinha há 15 anos com o projeto Genoma é a de que ele modificaria a medicina abrindo portas para novas terapias genéticas que resolveriam muitas doenças, mas não foi o que aconteceu. A conclusão do Projeto Genoma disse que a genética só é responsável por 10% das doenças humanas e os 90% restantes são induzidos por fatores ambientais.
Agora, o que a avalanche de estudos tem mostrado é que a nossa ecologia intestinal é, na verdade, uma condução da expressão genética capaz de transformar genes dependendo do tipo de micróbios que estejam presentes.
Certamente, muitos profissionais de saúde ainda falham ao considerar o impacto do estilo de vida nos diagnósticos que fazem diariamente, ignorando a importância da prevenção e no tratamento efetivo de muitas doenças, pois isso nunca foi considerado na escola médica.
O microbiome no intestino é 99% do DNA em seu corpo e isso é altamente influenciado pelo estilo de vida e, em especial, nossas escolhas alimentares. As bactérias do trato intestinal influenciam a expressão de nossos 23 mil genomas de forma dinâmica através dessa interação bacteriana e o nosso DNA.
Nosso genoma, que se mantinha o mesmo por centenas de anos, sofreu uma alteração repentina causada pelo desequilíbrio da ecologia intestinal, devido à mudança alimentar. Isso sinaliza mudanças também para o nosso DNA havendo um aumento considerável da agressão oxidativa e da inflamação, potentes geradores das doenças do mundo moderno.
Estratégias para recuperar a ecologia intestinal
Manter a amizade em dia requer alguns cuidados especiais. São detalhes que fazem toda a diferença e mantém a alegria de todos. No caso da nossa relação com as bactérias boas isso não é diferente. Veja algumas estratégias para recuperar a ecologia intestinal e, de quebra, a boa saúde.
- Antibióticos: só use antibióticos quando realmente for necessário, pois isso promove alteração de microbiotas (flora intestinal) favorecendo certos grupos como os firmicutes, que em excesso aumentam o risco de obesidade.
- Evite carne de animais confinados: 80% do antibiótico produzido na América é destinado para o confinamento. Os animais criados em confinamentos recebem antibióticos que alteram a microbiota. Além de promoverem crescimento e ganho de peso mais rápido, os antibióticos nesses animais também evitam o aparecimento de infecções que atrasam o resultado e tendem a ser frequentes pelas condições inóspitas em que os animais são criados. Além disso, nas rações há muito pesticida que altera as bactérias intestinais e geram resistência a certas medicações, bactérias do solo e alimentos que promovem fármaco-resistência.
- Açúcar refinado e frutose processada: limitar ao máximo o consumo de açúcar refinado e processado na alimentação é critério básico para a saúde do intestino. O açúcar e o xarope de milho rico em frutose aumentam o crescimento de bactérias desfavoráveis, como as leveduras e os fungos. A frutose é mais agressiva do que o açúcar em termos de glicação de proteínas; ela aumenta muito a porosidade intestinal, doenças inflamatórias e a obesidade.
- Alimentos transgênicos e pesticidas: as suas bactérias intestinais esperam um tipo de alimento igual ao fornecido por milhões de anos, e a presença de alimentos que não são reconhecidos pela sua microbiota representam um perigo. É sabido que o uso de glifosato nos alimentos transgênicos altera a microbiota humana, promovendo um ataque duplo em suas bactérias intestinais cada vez que você consome esses alimentos.
- Alimentos probióticos: é muito importante consumirmos vegetais fermentados, Kefir ou suplementos probióticos diariamente, especialmente no caso do uso de antibióticos.
- Fibras prebióticas: consuma muita fibra ou suplemento prebiótico, pois estes vão alimentar a sua flora intestinal promovendo resistência às doenças, saúde e longevidade.
Referências Bibliográficas:
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