Sempre foi o desejo da humanidade de viver mais e melhor.
Tem se conseguido isso com as melhoras nas condições sanitárias, higienização que colaborou em evitar mortes prematuras especialmente por doenças infecciosas e degenerativas.
O avanço maior para reduzir o impacto desses aceleradores do envelhecimento veio com: correções nutricionais, estratégias antioxidantes, programas de desintoxicação celular, redução de inflamação, proteção no DNA e telômeros.
A ciência nos mostrou que a restrição calórica ajuda muito nesse processo, mas é bem difícil de se adotar no dia a dia.
Mais recentemente tem se atingido esse objetivo com as dietas paleolíticas, ketogênicas e jejum intermitente.
As pesquisas que mais crescem nesta época é nesse objetivo, e agora o grande foco está no estímulo da autofagia, especialmente após o biólogo japonês Yoshinori Ohsumiter ganhar o Prêmio Nobel de Medicina em 2016 por sua pesquisa sobre o assunto. Ele identificou genes essenciais para a autofagia e a descoberta do papel das proteínas na formação do autofagossomo, recipiente dentro da célula onde ocorre degradação de material inutilizável e tóxico. Uma autofagia perturbada pode causar doenças genéticas, neurodegenerativas intestinais, metabólicas, etc.
Ou seja, o objetivo prático é ativar o processo de “autoalimentação”, de “limpeza” em que seu corpo digere células danificadas, estimulando a proliferação de células novas e saudáveis.
Estudos em insetos, vermes e fungos nas últimas décadas descobriram genes que, quando alterados, aumentam a longevidade. Grande parte desses genes age no processo de autofagia (autofagocitose), uma condição na qual o corpo devora a si mesmo.
Dentro de cada uma das bilhões de células que compõem nosso corpo, existem os fagossomos (corpos que comem) e que agem como uma pequena usina de lixo encarregado de destruir moléculas antigas ou defeituosas.
E o objetivo é fazer essa “usina de lixo” melhor. Quando a autofagia tem maior velocidade de funcionamento, regenera-se o organismo, evitando doenças crônicas e degenerativas. Com isso o envelhecimento é retardado.
Autofagia
É um processo natural que limpa e desintoxica a célula e recicla as partes das organelas que não são mais necessárias, reduzindo a inflamação
Porém, a autofagia não pode permanecer ativada o tempo todo, pois é necessário permitir que as células regenerem e rejuvenesçam durante a fase de reparação.
Como ativar a autofagia
Veja essas três estratégias básicas:
1 – Jejum intermitente associado ao ciclo protéico
Jejum intermitente a cada dois dias, respeitando 12 a 16 horas sem comer, que é o tempo necessário para ativar a autofagia. Nos dias fora do jejum intermitente, coma a quantidade regular de proteína que normalmente consumiria. Clique aqui para saber mais sobre o jejum intermitente.
2 -Treinamento supra aeróbico
Treinos de alta intensidade intervalados durante 20 minutos em dias alternados. Clique aqui para saber mais e confira no também no meu livro 20 Minutos e Emagreça.
3 – Melatonina
Estudos recentes in vitro e in vivo, nos quais universidades e centros de pesquisa de farmacologia e toxicologia dos EUA (Harvard) e Irã (Mashhad) colaboraram, revelaram que a melatonina pode modular (inibição da regulação) este processo de autofagia.
Além de estar envolvida na produção deste neuro-hormônio da serotonina na glândula pineal, há uma produção extrapineal de melatonina, especificamente na retina, no trato gastrointestinal, na medula óssea, nos leucócitos, na pele, no pâncreas, na glândula tireóide, na placenta e nas células endoteliais.
É essencial para a regulação do ciclo sono-vigília, mas também tem funções importantes: imunorreguladora, anticancerígena e antioxidante ou sequestradora de radicais livres e, portanto, como possível agente terapêutico em doenças neurodegenerativas cardiovasculares e distúrbios endócrinos
Está envolvida no metabolismo da energia molecular, celular e sistêmica, controla os processos de envelhecimento epigenético em neurônios, com a regulação da autofagia e dos ritmos circadianos, incluindo as sirtuínas do fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1) e a rapamicina (mTOR).
O produto de secreção pineal de melatonina exerce importantes efeitos imunorregulatórios e anti-inflamatórios com a redução do número de células T, modulação da atividade de macrófagos, supressão da atividade de NFkB, inibição de moléculas de adesão celular e citocinas pró-inflamatórias, supressão dos níveis de iNOS e COX-2 com um potencial terapêutico como ativador da autofagia.
Agora, aproveite essas dicas e coloque a autofagia para trabalhar para você. Sua saúde agradece!
Referências bibliográficas:
- Fitness and Power, IntermittentFasting
- The Guardian September 4, 2017
- Postgraduate Medical Journal 973 Mar; 49(569): 203–209
- O Estado de São Paulo. Metropole A19. 16/06/18
- Livro 20 Minutos e Emagreça. Editora Gaia
- www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1043661817314743.
- www.mdpi.com
- www.researchgate.net/publication/258765221
- www.cimr.cam.ac.uk/research/principal-investigators/