Em 1991, foi encontrado nos alpes da divisa entre a Itália e a Áustria, um corpo congelado de cerca de 5300 anos. O gelo atuou como um agente embalsamador, criando uma espécie de mumificação natural. Mas sabe o que os cientistas descobriram, nesse que ficou conhecido como “o homem de gelo”? Bactérias boas nos intestinos!
Parece que estou batendo sempre na mesma tecla, mas se você quer ter saúde e se prevenir das doenças do mundo moderno, precisa entender de uma vez por todas a importância dessas bactérias. Elas sempre estiveram em nosso organismo, sendo fundamentais até mesmo em nossa evolução.
Mas nem tudo são boas notícias. Recentemente, novas análises desse homem de gelo têm mostrado o que aconteceu com nossas bactérias presentes nos intestinos nesses últimos milênios. Será que mudou muito? O que podemos aprender olhando para o nosso passado?
Como perdemos bactérias boas dos intestinos
Pesquisadores da Universidade de Trento, na Itália, analisaram o microbioma do homem de gelo e puderam compará-lo com a ecologia intestinal de pessoas de diferentes culturas, em diferentes períodos históricos. O achado mais interessante é que quanto mais intensos a alimentação industrializada e o sedentarismo de determinada população, menor a variedade das bactérias boas.
Uma maior quantidade e, principalmente, variedade dessas bactérias foi encontrada tanto no homem de gelo quanto em sociedades atuais que ainda consomem pouca comida processada, como certas nações africanas. As amostras também se mostravam similares às de múmias da América Central.
Por outro lado, em boa parte das pessoas do ocidente, atualmente, não são encontrados os mesmos micróbios benéficos. Um exemplo é a bactéria Prevotella copri. Enquanto eram encontradas amplamente nas sociedades antigas e nas atuais que tem uma dieta mais natural, estão nos intestinos de somente 30% dos ocidentais.
Segundo Nicola Segata, um dos autores do estudo: “[…] o complexo processo de ocidentalização teve um impacto considerável no desaparecimento gradual dessa bactéria. A hipótese foi confirmada pela análise de amostras antigas de DNA […]. Nós ainda não sabemos quais são as consequências biomédicas dessas mudanças no microbioma que evoluiu consideravelmente nas últimas décadas, enquanto o corpo humano que coloniza permanece geneticamente praticamente inalterado há séculos”.
Seja mais natural você também!
Portanto, para recuperar sua ecologia intestinal, é fundamental “voltar ao passado”. Não estou falando de usar uma máquina do tempo, mas de priorizar uma alimentação mais natural, menos processada e industrializada, preferencialmente orgânica. É isso que alimenta as boas bactérias dos seus intestinos.
É claro que, antes, elas precisam chegar até lá. É aí que entram os alimentos probióticos, como Lassi (iogurte indiano), Kefir (leite fermentado) e Natto (soja fermentada). Priorize também uma dieta keto, rica em gorduras, com proteína em moderação, carboidrato virtualmente zero e abundância de vegetais.
Você pode usar ainda suplementos probióticos. Eles devem ter no mínimo 200 milhões de CFU (unidade formadora de colônia), ser um produto que não seja degradado pelos sais biliares e chegue íntegro nos seus intestinos para exercer seu papel terapêutico.
Promova uma boa flora intestinal. Você terá melhor digestão, o corpo que sempre quis e se protegerá de inúmeras doenças. É uma soma cujo resultado será a Supersaúde!
–
Referências bibliográficas:
- https://drrondo.com/combate-a-obesidade-como-os-probioticos-podem-ajudar/
- https://drrondo.com/probioticos-podem-ser-a-resposta-para-sua-doenca-inflamatoria-intestinal/
- The Prevotella copri Complex Comprises Four Distinct Clades Underrepresented in Westernized Populations. Cell Host & Microbe, 2019.