Alimentos fermentados são uma estratégia diária acessível de correção da microbiota intestinal, influenciando o sistema imunológico e a microbiota do eixo intestino –cérebro.
É uma intervenção nutricional denominada “alimentação psicobiotica”, uma nova abordagem direcionada para a microbiota intestinal e proteção da saúde mental.
Nos primórdios, muitas culturas usavam o alimento fermentado para aumentar a “meia vida” doa alimentos.
Esse recurso deixa o alimento mais saboroso, ajuda no controle das doenças causadas pelos microrganismos e além do mais, melhora a digestibilidade dos alimentos.
Através de microrganismos, esse processo converte carboidratos em álcool ou ácidos orgânicos usando fungos e bactérias em condições anaeróbicas.
Com isso, se gera compostos benéficos que melhoram a saúde física e mental.
Mas os benefícios não param aí, pois geram neurotransmissores e neuromoduladores, estimulando o sistema imunológico, neuroendócrino e circulatório.
E, durante a digestão desses alimentos fermentados, também produzem compostos capazes de modular a barreira intestinal e a permeabilidade da barreira cerebral.
Alimentos fermentados controlam o sistema responsável pelo controle do estresse, que é o eixo hipotálamo-pituitária Adrenal (HPA), responsável por diversos distúrbios neuropsiquiátrico.
Dieta psicobiotica e controle de estresse
De acordo com estudo produzido por pesquisadores da APC Microbiome Ireland at UCC, aonde investigaram a influência da dieta psicobiotica e perfil da microbiota em doença mental de 45 adultos.
Dividido em 2 grupos, sendo um de dieta psicobiotica e o grupo controle.
A dieta psicobiotica compreende frutas e vegetais ricos em fibras prebioticas, como cebola, alho poró, repolho, maça e bananas, além de alimentos fermentados como chucrutes e kefir.
Após 4 semanas, observou-se que os indivíduos que seguiram a dieta psicobiotica tiveram redução significativa contra o estresse, além de mudanças em 40 quimicos, resultado em melhor microbiota.
Um dos autores, o professor John Cryan, disse a UCC News Release:
“Embora o microbioma já tenha sido associado ao estresse e ao comportamento, não estava claro se, ao alimentar esses micróbios, poderiam ser observados efeitos demonstráveis. Nosso estudo fornece um dos primeiros dados sobre a interação entre dieta, microbiota e sentimentos de estresse e humor.
O uso de dietas direcionadas à microbiota para modular positivamente a comunicação intestino-cérebro traz possibilidades para a redução do estresse e dos distúrbios associados ao estresse, mas são necessárias pesquisas adicionais para investigar os mecanismos subjacentes.”
Alimento fermentado e saúde cerebral
O pesquisador Ramya Balasubramanian e colaboradores sequenciaram cerca de 200 alimentos fermentados para determinar qual era mais eficiente na saúde cerebral.
Sobre isso o autor do estudo, Balasubramanian comenta;
“Eu esperava que apenas alguns alimentos fermentados aparecessem, mas dos 200 alimentos fermentados, quase todos mostraram a capacidade de exercer algum tipo de potencial para melhorar a saúde intestinal e cerebral… Produtos fermentados à base de açúcar e produtos fermentados à base de vegetais são como ganhar na loteria quando se trata de saúde intestinal e cerebral.
... Apesar de tudo o que vemos nos produtos à base de açúcar sendo demonizados, o açúcar fermentado pega o substrato do açúcar bruto e o converte em uma infinidade de metabólitos que podem ter um efeito benéfico no hospedeiro.
Então, mesmo que tenha o nome “açúcar”, se você fizer uma análise metabolômica final, o açúcar é usado pela comunidade microbiana que está presente no alimento, e eles são convertidos nesses belos metabólitos que estão prontos para serem colhidos a dedo. por nós para estudos adicionais.”
De acordo com o estudo publicadona Neuroscience & Biobehavioral Reviews, os pesquisadores sa University College Cork (UCC), uma variedade enorme de alimentos fermentados que são beneficos, como por exemplo:
- Chucrute
- Kimchi
- Kefir
- Iogurte
- Queijo
- Flocos
- Massa fermentada
- Vinagre
- Tempeh
- Natto
- Missô
- Água Kefir
- Kombuchá
Alimentos fermentados e Depressão
Com o uso de alimentos fermentados como queijo e iogurte, se consegue um microbioma intestinal saudável.
De acordo com estudo com 36 adultos com dieta rica em alimentos fermentados ou alimentação rica em fibra por 10 semanas, observou-se que há redução de marcadores inflamatórios no caso do uso dos fermentados somente.
E mais, a presença de Lactobacillus nesses alimentos reduz estresse, prevenindo depressão e ansiedade, certamente por modular o sistema imunológico.
Outro fator em relação aos lactobacillus é que estimula a produção de gama aminobutyric acid (GABA), um neurotransmissor que induz calma e reduz o comportamento depressivo.
---
Referências bibliográficas:
– Neuroscience & Biobehavioral Reviews March 2024, Volume 158, 105562
– Scientific Reports March 31, 2023, Introduction
– Neuroscience & Biobehavioral Reviews March 2024, Volume 158, 105562, 2.
– Neuroscience & Biobehavioral Reviews March 2024, Volume 158, 105562, 2.4
– Molecular Psychiatry October 27, 2022
– University College Cork October 27, 2022
– Microbiology Society April 14, 2023
– Brain, Behavior and Immunity January 2024; 115: 458-469
– Cell July 12, 2021
– The Journal of Neuroscience May 1, 2013; 33(18):7770-7
– Translational Psychiatry June 3, 2022, Discussion