Alimentação Moderna e Cálculos Renais

No metabolismo normal dos humanos, é esperado que certos alimentos ingeridos por séculos, podem induzir a formação de cálculos renais em indivíduos sensíveis.

O causador do problema, os oxalatos são encontrados naturalmente em muitos vegetais, frutas, nuts e sementes.

Isso propicia uma maior ligação ao mineral cálcio, presente fora da célula, o que propicia a formação de cristais de oxalato de cálcio.

Isso ocorre, pois há na atualidade maior deficiência de magnésio, que é vital dentro das células.

Com certeza o oxalato é parte importante da formação dos cálculos renais, porém a presença de disbiose interfere com a habilidade natural do nosso corpo em eliminar oxalatos.

Fatores que destroem a flora intestinal

Diferente das culturas do passado, hoje estamos expostos a alimentos ultra processados e antibióticos.

Esses fatores destroem a flora intestinal tornando mais complexo lidar com alimentos ricos em oxalatos.

De acordo com a pesquisadora Ruth Foster, o excesso de adoçantes, açúcares, alimentos ultra processados e os óleos de sementes, passamos a ter maior dificuldade de lidar com esses fatores nos alimentos:

“No geral, o acúmulo de evidências revela que as pedras nos rins estão fundamentalmente ligadas a um intestino danificado, o que prejudica a capacidade do corpo de eliminar os oxalatos. Devemos, portanto, considerar os verdadeiros culpados, como os adoçantes refinados, os alimentos ultraprocessados ​​e os óleos de sementes – marcas da dieta industrial moderna”, escreve Foster.

Uma consequência é que uma bactéria importante, Oxalobacter formigenes, está agora ausente no intestino de muitos adultos. “Muitas culturas primitivas ainda têm Oxalobacter nos seus intestinos”, diz Foster. Esta bactéria benéfica desempenha um papel crucial no metabolismo e na regulação dos níveis de oxalato no corpo. Ele digere cristais de oxalato e basicamente sinaliza à parede intestinal para excretar oxalato para sua própria nutrição.

Desta forma, Oxalobacter ajuda a reduzir a concentração de oxalato no intestino, o que pode consequentemente diminuir o risco de cristalização do oxalato e a formação de pedras nos rins e outros problemas de saúde. No entanto, este é apenas um tipo de bactéria benéfica envolvida na degradação do oxalato. De acordo com Foster:

 “Com os rápidos avanços na tecnologia, os cientistas aprenderam que múltiplas espécies bacterianas podem degradar o oxalato, trabalhando através de uma grande rede. Por exemplo, monitorizando as bactérias intestinais de mais de mil participantes saudáveis, um estudo descobriu que a maioria (92%) dos microbiomas intestinais continham várias espécies de bactérias degradadoras de oxalato.

 Devido à complexidade da rede de degradação do oxalato, os investigadores compreendem agora a importância de avaliar a saúde intestinal na sua totalidade, em vez de se concentrarem num único tipo bacteriano, como O. formigenes… Portanto, um intestino saudável é fundamental para manter a tolerância ao oxalato.”

Os oxalatos não são o principal problema, pois sempre se consumiu isso na dieta, mas a preocupação são os outros fatores como alimento ultra processados.

Veja o que a pesquisadora Ruth Foster fala:

“Considerando as taxas crescentes de diabetes e os maus hábitos alimentares americanos, parece que a disbiose intestinal e o consumo excessivo de alimentos ultra processados ​​industrialmente são mais responsáveis ​​pela toxicidade do oxalato do que o consumo excessivo dos chamados ‘superalimentos’, como espinafre ou batata doce.

 Simplificando, não são os alimentos que contêm oxalato, como o espinafre, que aumentam a produção e absorção de oxalato. Para resolver o problema do oxalato, devemos considerar o impacto dos alimentos industriais processados ​​e ultra processados ​​na saúde intestinal e renal.”

Além disso, ela explica em relação aos óleos de sementes rico em Ômega 6:

“O consumo excessivo de óleos de sementes industriais, ricos em ácidos graxos poliinsaturados ômega-6 (PUFAs), contribui para a produção de AGE [produto final de glicação avançada]… A proporção de ácidos graxos de ômega-6 para ômega-3 é um fator determinante na doença renal e muitas outras doenças crônicas.

 Nos últimos 30 anos, o consumo dietético de ômega-6 aumentou diante da deficiência de ômega-3. A proporção ideal de ômega-6 para ômega-3 é de cerca de dois para um, mas a proporção atual é superior a 20 para um. Os pesquisadores notaram que um “ovo do USDA” tem uma proporção de ômega-6 para ômega-3 de cerca de 20:1.

 Os óleos de sementes industriais e outras fontes de ômega-6 enfraquecem e amolecem as membranas celulares, o que aumenta a ligação do oxalato aos néfrons e inicia a formação de cristais. Evidências acumuladas mostram uma ligação entre o aumento do consumo de ácidos graxos ômega-6 e doenças de cálculos renais.

Em contraste, a ingestão mais elevada de ácidos gordos ómega-3 (principalmente provenientes de marisco) protege contra o risco de formação de cálculos renais, DRC [doença renal crónica] e outras doenças degenerativas, como evidenciado pela dieta das populações tradicionais Inuit, rica em ácidos graxos ómega-3.”

Esses fatores somados causam, além de disfunção mitocondrial, uma destruição da microbiota saudável.

Solução: Proteger a sua microbiota

Na verdade, o microbioma saudável, começa antes do nascimento, na gestação da mãe e sua microbiota. Isso seria transmitido na concepção ao bebê.

Esse é o passo crucial no desenvolvimento da microbiota saudável.

Além disso, a amamentação é fundamental.

Deve-se promover uma microbiota saudável em todas as fases seguintes da vida, evitando-se alimentação ultra processada e consumir alimentos probióticos como yogurt, kefir, fermentados de vegetais, que também degradam oxalatos, como oxalobacter.

Ingerir a quantidade de água é imperativo, o que ajuda a eliminar os oxalatos da urina e prevenir a formação de cálculos.

Referências bibliográficas:

– The Weston A. Price Foundation May 19, 2024

– drrondo.com/calculo-renal-pequeno-no-tamanho-mas-enorme-nos-prejuizos/

– drrondo.com/calculo-renal-veja-esta-dica/

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